Sunday, October 28, 2012

HORAS RUBRAS

HORAS RUBRAS

Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...

Oiço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p’las estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve branca e misteriosa...
e sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Florbela Espanca

Tu és a alva manhã pós noite escura,
Teus beijos os meus sonhos, meus ardis,
Se em ti completamente sou feliz,
Termina desde já ânsia e procura.

A chama tão profusa já perdura,
Em meio a temporais, nada desdiz
O quanto em ti me entrego, e peço bis,
Voluptuosamente, esta loucura.

Senhora dos meus sonhos, lábios quentes
Os meus desejos sendo mais ardentes
Expressam tal amor quase demente,

A sorte tecelã nos conduzindo
Ao plácido remanso, imenso e lindo:
Os beijos que me deste, de repente...

MARCOS LOURES

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